A crise dos chips semicondutores vem sendo um problema para basicamente todo o mundo. Desde eletrodomésticos, até automóveis, diversas empresas precisaram alterar os esquemas ou até paralisar suas linhas de produção por conta da escassez de componentes.
A crise segue fortíssima e as estimativas são de que não haverá uma resolução, pelo menos até o ano que vem. As causas para esse problema são diversas, e vão desde a guerra comercial entre Estados Unidos e China, até um erro de cálculo que levou alguns fabricantes a estocarem sua produção no início da pandemia.
Entre os chips que estão mais em falta no mercado, estão os de tecnologia mais simples, que são usados em uma gama maior de produtos, como os automóveis. No entanto, a indústria do setor tem focado seus esforços na fabricação de chips mais elaborados, necessários para equipamentos com 5G e servidores, por estes serem mais lucrativos.
Essa abordagem acabou falhando com a chegada da pandemia, que mudou os padrões de consumo de alguns consumidores. Ao passarem para o regime de trabalho remoto, precisaram investir em novos equipamentos. Isso acabou deixando os fabricantes mal equipados para lidar com essa demanda crescente.
Hoje, estima-se que os semicondutores sejam o quarto produto mais comercializado do mundo, ficando atrás somente dos automóveis, petróleo refinado e do petróleo bruto. Como dito anteriormente, os fabricantes investiram na produção de chips mais sofisticados para a produção de aparelhos mais tecnológicos.
No entanto, carros e eletrodomésticos exigem componentes mais rudimentares e até mesmo itens de tecnologia de ponta. Um exemplo disso são os reguladores de energia e micro controladores, que executam uma série de funções dentro dos equipamentos.
Um telefone 5G leva até oito chips de gerenciamento de energia, os dispositivos da geração anterior, a 4G, levam somente três desses chips. Porém, no ano passado, 27% de todos os gastos com equipamentos de produção de semicondutores foram destinados para a fabricação de chips avançados, contra apenas 11% investidos em equipamentos mais simples.
Com a necessidade de se produzir chips mais simples, uma opção seria mudar as linhas de produção. Contudo, essa alteração não é tão simples, embora seja possível.
Em geral, o processo de construção e equipamento de uma planta fabril de semicondutores leva em torno de dois anos ao custo de alguns bilhões de dólares. As máquinas são complexas para serem construídas e grandes para serem transportadas, o que dificulta a mudança de fábricas já construídas ou a instalação de novas linhas de produção.
Apesar da alta demanda atualmente, as fabricantes não se sentem seguras para fazer investimentos tão grandes por não saberem ao certo se aumentar a capacidade agora não vá prejudicá-las no futuro, deixando as empresas com uma enorme capacidade ociosa.
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